PUCRS
Porto Alegre
Seminário
SISTEMA
E ESTRUTURA IV
REALISMO
MATÉMATICO OU CONSTRUTIVISMO GRÁFICO?
BADIOU
CONTRA DELEUZE
Prédio 40 3o andar
1o Encontro: 12 de março de 2015
DESCRIPÇÃO:
Entre as filosofias confluentes com as teses da
epistemologia francesa, antes da articulação da ontologia matemática no sistema
de Alain Badiou, houve a filosofia do acontecimento e da multiplicidade de
Gilles Deleuze. A transformação articulada por Badiou da filosofia de Deleuze
marca um momento decisivo pelo contexto da consolidação da ontologia francesa
do século vinte, inclusive o da sua refutação da ontologia fundamental de
Heidegger. Neste seminário, pretende-se examinar a filosofia de Deleuze por
meio da contestação e da mobilização sistemáticas articuladas por Badiou.OBJECTIVOS
O livro publicado por Alain Badiou em 1997, Deleuze: o Clamor do Ser, despertou um
dos debates mais vigorosos na filosofia francesa dos anos 1990. Encontra-se uma
reivindicação ontológica baseada sobre o realismo que veio contestando a
capacidade da filosofia deleuziana a realizar o projeto de criar uma filosofia
da multiplicidade. A partir da perspectiva ontológica,
o argumento de Badiou, segundo o qual a multiplicidade em Deleuze contém um
retorno latente da figura do Um/Uno, é coerente. Desta forma, o realismo intrínseco
confirma-se por ter a palavra verdadeira sobre a multiplicidade. Porem, nada é
menos certo quando avalia-se a fenômeno-ontologia desenvolvida em Logiques des mondes, de 2006, onde a
contribuição deleuziana circula incessantemente.
Num primeiro momento, abordaremos a leitura
feita por Alain Badiou da obra deleuziana em na articulação da ontologia matemática
intrínseca e da disputa desencadeada pelos deleuzianos. Se o confronto com a
obra deleuziana leva a afirmar a coerência da ontologia de Badiou, afirmação
que se deve já a uma incompreensão feita por Deleuze (e Guattari) em O que é a filosofia? sobre L’Être et l’événement, esta mesma filosofia
auxiliou Badiou a compor a dimensão fenomenológica do sistema. A filosofia
deleuziana engaja com uma construção topológica que encontra as falhas da
teoria do sujeito fenomenológico por meio de uma análise inovadora dos modos de
aparecer, cujos modelos são provenientes tanto da filosofia moderna quanto de
interpretações da matemática de A. Grothendieck. A partir da perspectiva
deleuziana, uma fenomenologia do sujeito já implique a figura do Um/Uno. Em Logiques des mondes, mesmo se Badiou
optará por uma fenomenologia “objetiva" e “calculada”, em que não há sujeito manifesto antes de
rupturas radicais nas práticas discursivas, o contexto da superação é
deleuziano.
BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL:
Obras de Alain Badiou
Manifesto
pela filosofia, RJ: Aoutra, 1991.
Conditions Paris: Éditions du Seuil, 1992.
Para uma nova teoria do sujeito. [PNTS] Rio de
Janeiro: Relume-Dumará, 1994.
Ética,
um ensaio sobre a consciência do mal, RJ:Relume Duramará, 1995.
O
ser e o evento RJ:Jorge Zahar Editor, 1996.
Lacan
antifilosofia e o real como ato in Colóquio
de psicanálise e filosofia – Sujeito e linguagem, RJ:Livraria e editora
Revinter Ltda, 1997.
Da Vida como Nome do Ser. In. ALLIEZ, Eric (org). Gilles Deleuze: uma VidaFilosófica. São Paulo: Editora 34, 2000.
(p. 159-167)
Deleuze. O Clamor do Ser Rio
de Janeiro: Zahar, 1997. 154 p.
Breve
Tratado de ontologia transitória, Lisboa:Instituto Piaget, 1999B.
Conferências de Alain Badiou no Brasil. [CB]
Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
“Um, multiples, multiplicité(s)”, in
Multitudes, (1):195-211 (2000)
Pequeno
manual de inestética, SP:Editora Liberdade, 2002.
Lacan
e Platão: o matema é uma idéia? in Um
limite tenso Lacan entre a filosofia e a psicanálise SAFATLE, W. (Org)
SP:Editora USP, 2003A.
Mathematics
and Philosophy. In: S. Duffy (ed.). Virtual Mathematics. The Logic of
Difference. Manchester, UK: Clinamen Press,
pp. 12-29, 2006b.
Oito Teses sobre o Universal. [OTU] In:
Revista Ethica. Cadernos acadêmicos. Trad. N. Madarasz. vol. 15 (2), pp. 41-50,
2008.
Second
Manifeste pour la philosophie. [MP2] Paris: Fayard/Ouvertures, 2009.
Le Fini et
l’infini. Paris: Bayard, 2010.
L’Aventure
de la philosophie française contemporaine. Paris: Ed. De la Fabrique, 2012.
Tho,
Tzuchien. New Horizons in Mathematics as a Philosophical Condition. Parrhesia.
Translated with an introduction by Tzuchien Tho, n. 3, pp. 1-11, 2007.
Obras de Gilles Deleuze
Bergsonismo. São Paulo: Ed. 34, 1999.
Conversações. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992.
Crítica e clínica. Rio de Janeiro: 34, 1997.
Diferença e repetição. Rio de Janeiro: Graal, 1998.
Empirismo e subjetividade. São Paulo: 34, 2001.. Espinosa. Filosofia prática. São Paulo: Escuta, 2002..
Conversações. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992.
Crítica e clínica. Rio de Janeiro: 34, 1997.
Diferença e repetição. Rio de Janeiro: Graal, 1998.
Empirismo e subjetividade. São Paulo: 34, 2001.. Espinosa. Filosofia prática. São Paulo: Escuta, 2002..
Foucault. Lisboa: Veja, [1987].. Imagem-tempo. São
Paulo: Brasiliense, 1990.
Nietzsche
Cinema
A Dobra
Lógica do sentido
Com Feliz Guattari
O
Anti-Édipo. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
Kafka, por uma literatura menor. Rio de Janeiro:
Imago, 1977.
O que é filosofia? Rio de Janeiro: 34, 1992.
Mil platôs. Ano zero. Rostidade. Volume III. Rio de Janeiro: 34, 1996.
Mil platôs. Introdução: Rizoma. Volume I, Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995.
Mil Platôs Postulados da Lingüística. Volume II. Rio de Janeiro: 34, 1995.
Mil platôs. Devir-Intenso, Devir-Animal, Devir-Imperceptível. Volume IV. Rio de Janeiro: 34, 1995.
Mil platôs. Tratado de nomadologia: a máquina de guerra. Volume V. Rio de Janeiro: 34, 1995.
O que é filosofia? Rio de Janeiro: 34, 1992.
Mil platôs. Ano zero. Rostidade. Volume III. Rio de Janeiro: 34, 1996.
Mil platôs. Introdução: Rizoma. Volume I, Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995.
Mil Platôs Postulados da Lingüística. Volume II. Rio de Janeiro: 34, 1995.
Mil platôs. Devir-Intenso, Devir-Animal, Devir-Imperceptível. Volume IV. Rio de Janeiro: 34, 1995.
Mil platôs. Tratado de nomadologia: a máquina de guerra. Volume V. Rio de Janeiro: 34, 1995.
Bibliografia complementar
Antti Veilahti. Alain Badiou's
Mistake --- Two Postulates of Dialectic Materialism. Math arXiv:1301.1203v22013,
2013.
Benaceraff,
P.; Putnam, H. (ed.). Philosophy of Mathematics: Selected Readings. Londres:
Cambridge University Press, 1983.
Cantor, G.
Fondements d’une théorie générale des ensembles. (trad. colletive). Cahiers
pour l’analyse, 10, pp. 35-52, 1969.
Chateaubriand, Oswaldo. Lógica e Ontologia. In:
Bonaccini, J. A. et al. (org.).
Metafísica, história e problemas. Atas do I Colóquio Internacional de
Metafísica. Natal: UFRN, 2006. pp. 247-261.
Cohen,
P. Set theory and the continuum hypothesis. Nova York: Benjamin, 1966.
Costa, Newton C. A. da. Conhecimento
científico. São Paulo: Discurso Editorial, 1999.
Costa, Newton A. C.; Bueno, Otávio. Lógicas
não reflexivas. Cosmos e Contexto, n. 7, 2012.
Desanti, J.-T. Quelques remarques à propôs de
l’ontologie intrinsèque d’Alain Badiou. Les Temps modernes, n. 526, pp. 61-71,
mai 1990.
Dummett,
M. Wittgenstein’s Philosophy of Mathematics. Philosophical Review, n. LXVIII,
1959.
Duffy,
S. (ed.). Virtual Mathematics. The Logic of Difference. Manchester, UK: Clinamen
Press, 2006.
Fraser,
Z. The Law of the Subject: Alain Badiou, Luitzen Brouwer and the Kripkean
Analyses of Forcing and the Heyting Calculus. Cosmos and History: The Journal
of Natural and Social Philosophy, vol. 2, n. 1-2, 2006.
Gödel,
K. The consistency of the axiom of choice and the generalized continuum
hypothesis. Proceedings of the National Academy of Sciences (U.S.A.),
24, pp. 556–557, 1938.
Grattan-Guinness,
I. The Search for Mathematical Roots (1870-1940). Logics, Set Theories and
Foundation of Mathematics from Cantor to through Russell and Gödel. Princeton,
NJ: Princeton University Press, 2000.
Grothendieck,
A. Récoltes et sémailles: réflexions et témoinage sur le passé d’un
mathématicien. Montpellier : CNRS, 1986.
Jech,
T. What is Forcing? Notices of the AMS, vol. 55, n. 6, pp. 692-693, Junho-Julho
2008.
Jurdant,
Baudoin (org.). Impostures cientifiques : les malentendus de l’affaire
Sokal. Paris: Éd. La Découverte/Alliage, 1998.
Kim, J.
What are Numbers? Synthese, n. 190, pp. 1099-1112, 2013.
Livingston,
P. The Politics of Logic. Londres: Routledge, 2011.
Madarasz,
N. On Alain Badiou’s Treatment of a Transitory Ontology. In: Gabriel Riera
(ed.). Badiou: Philosophy and its Conditions. Albany, NY: State University of
New York Press, 2005.
McLarty, Colin. “The uses and abuses of the history of topos theory”,
British Journal for the Philosophy of Science, 41 (1990) 351–75.
-------------- “The Last Mathematician from Hilbert’s Gottingen:
Saunders ¨ Mac Lane as Philosopher of Mathematics”, in British Journal of Philosophy of Science. 58(1), 1997, pp. 77-112.
------------- Book review: Alain Badiou, Mathematics of the
Transcendental, A. J. Bartlett and Alex Ling (trs.), Bloomsbury, 2014, in Notre Dame Philosophical Reviews. 09.31.2014.
< http://ndpr.nd.edu/news/50591-mathematics-of-the-transcendental/>
(Acessado: 7 de outubro de 2014.)
Nirenberg, Ricardo L.; Nirenberg, David. Badiou’s
Numbers: A Critique of Mathematics as Ontology. In: Critical Inquiry 37 (Verão 2011),
pp. 583-614, 2011.
Platão. Parmênides. Trad. Maura Iglesias.
São
Paulo: Editora Loyola, 2003.
Priest,
G. An Introduction to Non-classical Logics. Londres: Cambridge University
Press, 2001.
Prigogyne, I. e I. Stengers, A Nova Aliança –
Metamorfoses da ciência. Brasília:
UNB Editora, 1984.
Prigogyne,
I. e I. Stengers. O
Fim das Certezas : Tempo, Caos e as Leis da Natureza. São Paulo :
UNESP Editora, 1996.
ROQUE,
T. História da matemática. Uma visão crítica, desfazendo mitos e lenda.
Rio de Janeiro, Zahar Editora, 2012.
Salanskis,
J.-M. Philosophie des mathématiques. Paris: J. Vrin, 2008.
Silva, Jairo José da Silva. Filosofias da
matemática. São Paulo: Editora UNESP, 2007.
Nenhum comentário:
Postar um comentário