PUCRS 2014/1: PPGFil
Porto Alegre
Quintas 14h00-16h40 – Prédio 40 Sala 515
SISTEMA E ESTRUTURA II
As Condições Artística e Amorosa no Sistema de Badiou:
a exEstética na Filosofia Francesa Contemporânea
EMENTA
No seguimento da análise da pretensão sistemática da filosofia na obra de Alain Badiou, aborda-se, no campo do Ser e acontecimento I (EE), a tese das condições da filosofia, especialmente as condições do poema (“arte”, em Ser e acontecimento II (LM)) e do amor. Ao lado das condições da política de emancipação e da matema (ou “ciência” em LM), a existência anterior das condições no que diz respeito à filosofia, organiza a decisão metodológica em favor de um “gesto platônico”. As condições são o terreno das práticas em que se desenham a produção da verdade, o que aventa que são as práticas que conduzem coletivamente a enxergar por onde, e os meios pelos quais, se manifestam os princípios fundamentais do ser e da existência. A aposta de Badiou, contudo, é afirmar que a ontologia geral é intrínseca e imanente às condições. A sua articulação é, nas melhores das circunstâncias, uma idealização, pois a ontologia é o que é intrinsicamente em comum às condições. Porém, não se trata apenas de isolar uma camada de regras, permanecendo e já existindo por meio da existência destas condições, mas articular pelos constrangimentos e pelas transformações que elas, e apenas elas, proporcionariam, pois são estas dinâmicas que evidenciariam as emergências subjetivas localizadas. A questão então é como entender um sujeito ontológico no poema/arte e no amor. O sujeito em questão é distribuído pelo acontecimento que o despertou, se manifestando como possibilidade local e relativamente num critério inconsciente. Portanto, no modo geral, busca-se compreender melhor a dimensão contingente da regulação das categorias do pensar, e, de modo localizado, a relação entre a estrutura e a forma específica das verdades produzidas por esta entidade subjetiva imersa nos contextos discursivos existenciais da arte e do amor.
OBJECTIVOS:
Na perspectiva de L’Être et l’événement, a noção de “sistema” implique um formalismo múltiplo
que aponta a um realismo mais fundamental, sem dimensionalidade, cujo operador é
a multiplicidade irredutível, ou seja o conceito de “conjunto”. A ontologia é
sem dimensão porque é imanente às condições enquanto produtoras teóricas dispersas
de novas formas de sujeito. Ora, um dos desafios para que a tese de sistema
possa se verificar é a capacidade de lidar com conceitos e categorias que se
justificam por uma ética ontológica. Porém, no período pós-existencial da
filosofia francesa
contemporânea, foi na prática da estética, isto é, em ramos inteiros da filosofia
francesa, que se dispersou a possibilidade da ontologia entendida como
plausibilidade de fundamentar a razão. A articulação de uma filosofia e de uma
ciência pós-humanistas curiosamente abandonou a exigência de transformar a
ciência, visando ao contrário a uma teoria estética, implicitamente motivada
pela Teoria estética de T. W. Adorno.
No contexto francês, esta orientação na filosofia despertou um espiral
descendente, em que uma estética radicalmente crítica da sociedade capitalista
se transformou em projeto de ampliação de um existencialismo pós-subjetivo,
cujo principal foco era a superação do determinismo
econômico evidenciado pela análise marxista do capital, mas que se esgotou na
celebração dos prazeres e do sujeito como singularidade. Argumentara-se que
este projeto acabou na indecidabilidade entre filosofia, arte e literatura, e,
por conseguinte, conduziu a um quase colapso da filosofia no espaço francês.
Pretende-se comparar o diagnóstico desta tensão na filosofia por meio da
leitura da contribuição feita por Badiou à estética, tal como a de Rancière e
da corrente crítico de Heidegger que se forma a partir da obra de Adorno.
CRONOGRAMA
13/03 APRESENTAÇÃO:
INESTÉTICA/EXESTÉTICA:
CONDIÇÃO DA FILOSOFIA ENQUANTO ARTE MATERIALISTA?
Brecht, Godard, Althusser.
20/03 Não haverá aula (professor em mini-curso)
27/03 O SISTEMA DE
BADIOU
3/04 INESTÉTICA I
10/04 Não
haverá aula (professor em mini-curso na Udelar)
17/04
feriado
24/04 INESTÉTICA II
1/05 Não
haverá aula (professor em simpósio)
8/05 O SÉCULO
15/05 RANCIÈRE: MALESTAR NA
ESTÉTICA
22/05 A CONDIÇÃO AMOROSA E O CORPO NOVO
29/05 RETOMANDO AS BASES: O SITUACIONISMO e A FUGA ESTÉTICA
DA FILOSOFIA FRANCESA CONTEMPORÂNEA (Anos 1970-90)
5/06 TEORIA ESTÉTICA DE
ADORNO I
26/06 TEORIA ESTÉTICA
DE ADORNO II
3/07 O IMPASSE: A ESTÉTICA “DOMINADA” PELA FILOSOFIA?
10/07 BRECHT
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